Sunday, August 26, 2012

Se Você Soubesse


Um bom reencontro é como se fosse uma daquelas pipocas que a gente compra pra ir no cinema. Podem até ter várias pessoas no grupo que está indo no cinema, mas é uma em especial que fica realmente curtindo comer aquele crect-creck e antes que o filme termine, aquele saco (gigante) de pipocas, que nós pensávamos que não caberia dentro de ninguém, já está completamente vazio.

E nós ficamos pensando em quão maravilhoso tudo aquilo foi, o cinema, a pipoca... Mas, puxa, eu deveria ter falado mais, deveria ter contado mais histórias, deveria ter ouvido mais momentos. E o que mais fica na minha cabeça é que eu deveria ter contado em quantas histórias aquela pessoa já esteve e quantos são os amigos que já conhecem um pedaço daquela alma, sem conhecer uma fração da pessoa.

A noite acaba e eu fico com aquela cara de tonto, um cachorro bobo. É um tipo de felicidade gostosa, que dá gostinho de “quero mais”, mas como falar sobre uma saudade e uma vontade de estar junto que surgem assim tão de repente? É bom sorrir por dentro.

Tuesday, August 14, 2012

Cotidianos


Sentada nos degraus de sua casa, olhava para o chão de paralelepípedos que encostava nos pés descalços das crianças que se escondiam e contavam. O chão, que engraçado, estava tão perto e, ainda assim, tocava o horizonte. Afinal, onde daria se ela fosse reto naquela direção? Após desviar de inúmeras paredes, haveria alguma hora uma porta na qual ela poderia bater?
Mas no meio disso, os pequenos estalidos de muitos pés se juntaram, como se para que ela despertasse e percebesse que outros pés maiores já se afilavam perto do poste. E, sem olhar para seu pulso, que só mostraria cores, pôs-se de pé e somou-se com aqueles outros.
O ônibus não tardou em se atrasar e, como de costume, provocou ligações e desculpas, ouvidas pela vontade que ela tinha de imaginar a vida das outras pessoas. A culpa era das rugas. As rugas falavam muito. Cada uma tinha tido seu momento de brilho, de ir e voltar e ir voltar. Ora, as rugas mereciam ser ouvidas. Ela, coitada, ansiava por rugas, mas não tinha pressa para que surgissem.
Chegara ainda adiantada para sessão de cinema e, como se esperasse um namorado, a menina, sozinha, se sentou e esperou que as portas se abrissem. Enquanto pulava de rosto em rosto, foi pega de surpresa por um rosto que a visão reconhecia menos que o tato. Ele, de longe, também a viu e, com sua alma encadarçada, pediu licença à sua mão e se aproximou do banco.
Ela se levantou e o cumprimentou e o abraçou. Diferente. Eles não falaram muito, somente o suficiente para que os corações balançassem. Oi. Tudo bem... Cresceram como um só e agora eram dois. Despediram-se e cada um foi para sua sessão.
Ela sentou finalmente em sua G12 e não pode deixar de pensar em como o mundo era engraçado. Não conseguimos entender realmente nada dos nossos caminhos. Entre músicas e danças, ela respirava fundo e tentava valsar com seus pensamentos. Mas precisava jogar uma água no rosto.
Enquanto levantava o rosto molhado, percebeu uma pequenina ruga no canto de seu olho esquerdo. Riu. Riu e secou o rosto. Encarou-se de novo, admirada com aquilo. O balanço.
Antecipou sua volta para casa e, ao descer do ônibus, traçou a reta e desviou-se das paredes. Logo, chegou num botequim, que já era seu de costume, e acenou para os conhecidos.
Pegou o caminho de volta. Sentiu o travesseiro em seu rosto e sorriu mais uma vez.

Tuesday, August 07, 2012

Over and over again

Eu sei que o que eu sinto é verdadeiro porque mesmo que perdesse meus olhos, me apaixonaria de novo por você a cada dia que sentisse sua voz.

Monday, July 23, 2012

O que se leva?

Fazia tempo que não se via uma cena daquelas, poucos eram os velhos do bairro que haviam vivido tempo suficiente para ver uma praia com neve, aparentemente, eu não seria um deles amanhã. A janela foi ficando alta e logo eu era um bebê, que estica a mão em busca do que deseja, pobre bebê, que não tem a noção de profundidade. Como um bebê, senti os adultos vindo a mim, correndo alvoroçados e desconcertados com aquela vida que começava. O céu era branco acinzentado e o vento não era um daqueles ventos bobos, aqueles ventos de verão que vão passando por você e deixam mais calor do que brisa nos corpos, ele era um vento crescido e brincalhão, que empurrava e gelava e fechava casacos, braços e abraços. De qualquer forma, o que eu respirava não era gelado, era quente e, apesar disso, angustiante, era tudo muito rápido, muitos toques, muitas coisas, alguma dor e uma pressão no meu rosto, mas uma pressão que não vencia a preguiça que sentia. Era de um lado para o outro, para frente e para trás. Senti-me trabalhando, fazendo os meus testes e torcendo para que eles me mostrassem algo novo, inacreditável. Mas testar a inércia era muito tolo, jamais permitiria que alguém propusesse uma desvaria dessas no meu laboratório. Aqui, não é lugar para brincadeiras, apesar de nunca ter abnegado a diversão. O que será que faltou? Lá estava eu, nunca ganhara um só Nobel, mas era o centro das atenções. Acho que foi algo logo abaixo do meu nariz que me fez saber disso, que venceu a preguiça que eu sentia. Tantas luzes, aquilo era muito sugestivo, e quando as apagaram não pude deixar de notar mais uma vez que a dor logo abaixo do nariz ressurgiu, mas não era tanta assim, então decidi ignorar. O problema é que eu não gostava de escuro, nunca gostei, nunca fui desses que falavam não ter medo. Sempre dormi com a televisão ligada – a luz, minha segurança, o som, minha companhia, o “timer”, minha consciência ambiental. Tudo bem, melhor acender a luz, então. Quantas pessoas. Como eram altas. Extremamente desconfortável. Queria tossir e não conseguia, queria água e não conseguia. Desisti disso tudo e decidi, por fim, fazer o que me restava: cantar. Mas não conseguia. Como nunca soube, pensei que seria melhor assim, sem sair som, pude explorar ao máximo minhas cordas vocais. Acordei. Estava na frente de um bocado de gente, conversaram comigo, me explicaram algumas coisas e, por fim, me deixaram falar. Acho que forcei demais minhas cordas vocais, pois agora elas estavam doídas e não funcionavam nem para falar. Quando pude voltar para casa, me sentia como um bebê. Uma criança entre tantos zelos. Quem me dera, poder mais uma vez fazer com que as fadas fossem criadas, mas agora só me restava a tarefa de não as matar com as blasfêmias que me inundam. Pena que não pude aproveitar a bela vista da praia, porém, quando cheguei em casa, vi janelas cheias de água, uma visão que fazia sentir beleza e tristeza ao mesmo tempo, no mesmo corpo. Pelo menos, pude dizer que não era maluco. Não era arrependido. Era orgulhoso, calmo, ainda que ansioso e nervoso, e cheio de paz.

Sunday, February 05, 2012

My biggest wish

"Eu quero mesmo é alguém que me faça mudar completamente de opinião. Que faça meu corpo querer companhia nos momentos em que minha mente insiste pela solidão."
Caio Fernando Abreu.


Because I need a hug
I just wish someone to grab my hand and tell me "come with me, trust me, everything is gonna be alright."
I just wish someone whom whispers in my ears that even if the world is so complicated, there will always be a place for me to lay down when I get to see her.
I just wish someone who knows me so well that when I send her any message, she will always answer "where do I meet you?"
Where do I meet you?...
Or how can I open up your eyes?...