Tentamos de tudo para compreender esse mundo, tentamos absolutamente tudo cotidianamente. E, quando não conseguimos entender, criamos um apêndice ao nosso conhecimento que não explica nada, mas satisfaz nossa necessidade de padrões.
Afinal, qual a nossa explicação para o número divino, para a vida, para a origem do pensamento humano, para o que havia antes do big bang, para nossos sentimentos?
E (nossa!) como nos gabamos do nosso conhecimento, somos desde a raça mais evoluída até a pessoa mais bem indicada para aquele trabalho; somos desde o filho mal compreendido até o exemplar notório da sociedade humana.
Engraçado ter tanta soberba.
Estruturamos todas as maravilhas que a ciência da engenharia moderna criou sobre os preceitos básicos da física.
Mas tinha um besouro no meio do caminho, no meio do caminho tinha um besouro.
Apesar de a física dizer que seria impossível o besouro voar, assistimos esse insetinho voar; algo com que o ser humano anseia ser capaz desde antes de Ícaro, mas parece que a gente não sabe voar também. O que fazemos diante dessa incoerência? Fácil. Ignoramos o besouro.
Ora, foram décadas formadoras de séculos integrantes de milênios até o ser humano conseguir construir nossas poderosas máquinas, não será um insetinho que vai nos dizer "opa, vocês erraram" - se ao menos fosse um coroa judeu que fuma cachimbo, depois de uns pequenos desméritos, até poderíamos considerar nosso deslize, jamais nosso erro.
Bem... mas se tem tanta coisa por aí que não faz o menor sentido, quem sou para ficar apurrinhando meu coração. Deixa ele batendo, afinal me disseram na faculdade que ele tem uma coisinha que faz ele tuntar independente da cabeça - os franceses chegaram a relatar até que os corações ficavam batendo um tempo após a decapitação dos revolucionários mais apaixonados.
As discussões políticas, os livros de filosofia e literatura, as reuniões, os livros de faculdade, a curiosidade pelo conhecimento, as peças de teatro e as pessoas continuam se criando na minha vida e nada disso me fez perder meu tempo passado para ficar planejando.
Planejo a felicidade e as "bare necessities" (Mogli), o resto é a vida que vai acontecendo.
Ah, mas se puder, Deus, me lembra de quando em vez de deixar a soberba sobre a qual estava falando lá em cima ficar lá para trás. É que essa coisa de desabafar confunde a gente, né?...