Thursday, February 11, 2010

É como se eu estivesse em um quarto escuro e pela fresta das cortinas entrasse um feixe de luz. Não há como não ver. Como negar.

Eclipse


No início de tudo só havia o Sol e a Lua. Não existiam as estrelas, nuvens ou outros planetas além da Terra. Então, todos os animais que viviam na Terra se admiravam com o Sol e a Lua e passarm a acompanhar suas histórias de perto.
Um certo dia, a Lua se viu muito sozinha, afinal tudo que ela conhecia estava tão distante dela, não podia nem alcançar. Muitas das vezes, não podia nem enxergar o que havia na Terra pela própria escuridão que trazia consigo. Ela se sentia mal pois aquietava os bichos e os fazia encolher de frio.
O Sol era admirado pelos animais, os aquecia, os movimentava, mas... era outro solitário. Apesar de o Sol estar tão distante da Terra, ele jogava seus raios até aqui porque acabaou se divertindo com o que via. Todos aqueles seres pequenos... juntos. Como eles conseguiam? Como seria ter alguém?
Porém, um dia foi diferente. Acaso. Coincidência. Destino.
Algo fez com que o Sol e a Lua se encontrassem. Em um universo tão espaçoso... eles se encontraram.
Os animais, que conheciam ambos, ficaram boquiabertos com o sentimento que aquele encontro trazia a eles. Era um calor que apesar de quente era refrescante ao coração. Era como se se pudesse sentir o sangue banhando todo o seu corpo.
Sol e Lua se completavam. Perfeitamente.
Dessa união fantástica inexplicavelmente surgiram figuras, adereços à Terra e ao Universo.
Planetas se aproximaram da tríade Sol, Lua e Terra. Se criaram para embelezar o momento. As várias estrelas começaram a brilhar ao entorno da Lua. Cintilavam para deixar tudo mais encantador.
As nuvens finalmente se formaram. Surgiram bichos com o que se chamou de "asas", esses animais voavam o mais alto que podiam só para ver o encontro de amor entre Sol e Lua.
Amor. Um encontro que nem o Sol, por ser bobo, e nem a Lua, por ser feminina e misteriosa, ousavam batizar com a palavra amor.
Então, criaram um nome próprio. Só para eles. Criaram uns versos só para eles. Ouviam uma melodia só para um lembrar do outro. Era tudo só para eles, só faltava um ser realmente do outro.
Enquanto isso, todo o restante do Universo apelidou aquele encontro de Eclipse.
Pena.
Por não se revelarem um ao outro, Sol e Lua acabaram se encantando por outras coisas. Aves, estrelas, planetas. Foram se deixando. Foram se desconhecendo.
Era o fim do Eclipse.
Passaram a ser poucas as vezes que os dois se encontravam. Sempre acaso. Sempre acompanhados. Aves, estrelas, planetas, esses eram os pares que traziam.
As nuvens se negavam a ver o fim daquilo. As nuvens sabiam que não havia terminado. As nuvens decidiram sempre falar à Lua sobre o Sol e ao Sol sobre a Lua.O tempo foi passando como sempre há de passar e enquanto as nuvens esperavam, foram conhecendo a tristeza. E, por não ser possível suportar a tristeza sozinho, as nuvens criaram a chuva. Agora os animais se abrigavam e se escodiam em épocas molhadas. Nesse tempo, pensavam sobre a vida, refletiam e compartilhavam a tristeza com mais frequência que outrora.
Alguns dizem que certo dia o Sol assumiu seu amor pela Lua. Era tarde demais. A Lua, sempre tão desmedidamente linda e cheia de encantos, estava embriagada por um planeta que o Sol desconhecia.
O Sol teria então retornado sepre em turnos marcados até a Terra, deixando à Lua a opção de encontrá-lo quando quisesse. Se um dia quisesse.
Em silêncio, o Sol teria feito uma prece, o desejo mais forte que se poderia fazer. O Sol desejou tudo de bom à Lua, todo o amor que ele queria dar a ela, desejou que ela algum dia o recebesse por outros braços, ainda que desacreditasse na possibilidade. Desejou também criar e fazer florescer magníficas flores de várias cores, formas e tamanhos para que a Lua as admirasse quando fosse visitar a Terra. O Sol pintava um mundo de fantasias, uma Terra do Nunca cheia de cores e imagens que esperava apresentar um dia à Lua.
A Terra espera pelo Eclipse final, pelo encontro de amor mais bonito que todos já conheceram.
Sol e Lua juntos em um momento de raro esplendor.

4 comments:

Anonymous said...

Olá Hassan!
Parabéns pelo texto! Puxa, nem sabia que você gostava de escrever!
Eu também gosto,na verdade, mantenho até alguns textos guardados!!!
Interessante a imagem do eclipse como algo referente ao encontro dos astros centrais de muitas das culturas do mundo (lembro-me bastante de algumas lendas indígenas que fazem uso destas figuras como base folclórica !)
Sempre um encontro passageiro, mas muito simbólico! Na verdade, é mesmo uma alegoria do impossível, um símbolo do amor romântico que se afirma, mas não se estabelece! O amor sem dias, sem lembranças que são dele! Coisa tombada desde a semana de 22, talvez antes!
Ainda assim, parabéns! Não se pode culpar um texto pelas antigas referências!!!
Um abração!!!

Anonymous said...

Já disse... não pare de escrever ou você emburrece...

Lindo texto! :õ)

Beijos,

Ingrid

Manuela said...

Você, como sempre, escrevendo belíssimos textos! Realmente muito bom esse, parabéns =)
Gostei do fato dos opostos se atraírem, apesar de não concordar muito com isso.
Beijo, Hassan!
saudades

Unknown said...

Hassan..
Lindo texto!

Creio que alguém esteja precisando encontrar sua lua..
HAHAHAHAHAHAHA
(Brincadeirinha)

Gostei mesmo.
Bjos,Emanoele.