Saturday, April 03, 2010

De novo?!

Era tudo surreal.
Seu coração era uma máquina, uma enorme e potente máquina. Uma multinacional jamais teria um equipamento que fosse capaz de trabalhar tão rápido e tão forte. Dava para ouvir de longe o som de suas batidas. Cada vez mais rápidas e mais fortes. Seu sangue ía escorrendo pelos seus vasos e ele podia sentir aquele palpitar até na ponta de seus dedos.
Seus olhos não sabiam se se fechavam ou permaneciam abertos. Se fechados perderiam a noção do que estava acontecedo. Se abertos não entendiam nada. Fechados deixariam ao corpo todo o sentir. Abertos tentariam gravar, analisar alguma coisa.
Suas pernas eram imóveis, completamente estagnadas. Solidificadas como uma obra bêbada de Michelangelo. Ao mesmo tempo, eram pura energia! vontade de correr, disparar! Ao mesmo tempo, vontade de enlaçar, atracar.
No peito que já rufavam tambores, o ar preenchia com dificuldade aquele espaço. Não era suficiente, jamais seria o suficiente para tudo aquilo. Mas o ar insistia em entrar. Passava descendo como uma calma brisa. Aquilo certamente não era momento de calma.
Sua boca tremia. Levemente, ela sambava em palavras e vontades. Sambava desengonçada como o menino que está aprendendo o que é música. Para onde ela devia ir? Se falasse diria alguma coisa? Mas pode falar e não ser bom. Pode fazer e ser repudiada. A boca sofria! Perdera o poder de escolha. Estava talhada por um sorriso que não a permitia muitas coisas.
Mas os braços...
Os braços eram os mais aflitos! Não sabiam se deviam se mexer!... A força que possuiam estava bamba. Movimentavam-se como os braços de um equilibrista prestes a cair. Eram nervosos, conheciam o caminho, o percurso que deviam fazer, mas de repente desaprederam. Subitamente, testavam a força, o toque. Ah! eles experimentavam o sentir! Conseguiam sentir tudo, queriam aquilo para sempre!
Mas o coração voltava ao normal, os olhos ganhavam foco, as pernas achavam seu chão, os pulmões se enchiam, a boca sentia o vento bater e os braços pendiam ao lado daquela figura tosca... O abraço havia terminado.
Agora ela já deixava novamente o corpo dele sem aqueles braços, sem aqueles laços que lhe davam tanta segurança.
Ele não entendia por que ficava tão congelado toda vez que aquilo acontecia. Não entedia por que seus braços e pernas e mãos e olhos e boca ficavam assim tão desnorteados. Da próxima vez aproveitaria ainda mais aquele momento, seria menos espantado. Ele se prometia isso! Ele se prometia isso toda vez que aqueles braços chegavam perto. Mas jamais foi capaz de cumprir.
Queria de novo, queria mais!

1 comment:

TLT said...

Adorei seu blog e a forma que você escreve.

Gostei este zoom,fez meu coração até bater mais rápido e lembrar do ultimo abraço como este.

Tudo é que caleidoscópico me fascina =)

parabéns